quinta-feira, 2 de junho de 2011

O TELA em Abril no Barreiro com "O Charlatão"




artes
TELA – Teatro Estranhamente Louco e Absurdo - Palmela
«O Charlatão» - pensar «a liberdade de ser livre»

«O Charlatão», com encenação de Luciano Barata, levado ao palco pelo grupo de teatro – TELA – Teatro Estranhamente Louco e Absurdo, de Marateca, freguesia de Águas de Moura, concelho de Palmela, é um espectáculo que proporciona uma reflexão sobre os valores que fazem a história da humanidade.

Assisti, no Futebol Clube da Quinta Lomba, na freguesia de Santo André, no concelho do Barreiro, ao espectáculo «O Charlatão», com encenação de Luciano Barata, levado ao palco pelo grupo de teatro – TELA – Teatro Estranhamente Louco e Absurdo, de Marateca, freguesia de Águas de Moura, concelho de Palmela.
Foi uma iniciativa integrada nas comemorações do 37º aniversário do 25 de Abril, promovida pela Junta de Freguesia de Santo André.

O espectáculo «O Charlatão», encenado por Luciano Barata, decorreu com ritmo, e, sublinhe-se, na verdade, com uma boa prestação de todos os actores.
Uma peça que proporciona uma reflexão sobre os valores que fazem a história da humanidade. Temas diversos como “o poder”, “o exército”, “a constituição”, “o sucesso” – “o sonho de ser rico”, a “realidade de ser pobre”.
Uma peça que nos incomoda a consciência e nos alerta para a importância de cada um assumir – “a liberdade de ser livre”.
Um texto carregado de humor, de ironia, que foi plenamente assumido pelos personagens.
Clara Santos – Nafle – foi potente no seu desempenho. O papel de Watusi, desempenhado por Ana Carlos, também foi revelador de boas qualidades teatrais. O Guizo, vivenciado por José Santos, outro personagem devidamente enquadrado no intenso ritmo da peça, com drama psicológico e conflitualidade de valores.
Os Duendes – vivenciados por Diogo Roque e Pedro Roque - , permitem vivenciar momentos de colorido e dão um sinal de mistério que ambienta o espectáculo e permite de forma sublime as mudanças de patamares históricos e do evoluir das situações dramáticas.
A encenação está sóbria, com perfeitas marcações, permitindo uma perfeita relação entre os personagens. Iluminação está subtil e a música está enquadrada, perfeitamente, no contexto do próprio texto.

O Luciano Barata está de parabéns, pela simplicidade da encenação e pelo desafio que coloca ao público, sobre a actualidade dos problemas que emergem deste espectáculo.
A equipa do TELA está de parabéns porque soube dar força ao conteúdo da peça, às suas criticas como sátira social.
O TELA, foi uma equipa que funcionou em pleno, demonstrando o amor ao teatro e a responsabilidade de estar em palco.

António Sousa Pereira

SINOPSE
O Charlatão

«Entre a rua e o país, vai um passo de um anão, vai o Rei que ninguém quis, vai o tiro de um canhão e o trono é do charlatão»

A acção fala-nos de um jogo entre duas personagens – um jogo – que nasceu da ideia de um deles, Watusi, a fim de, durante uma semana, poderem sentir as delícias do poder. As regras são simples: uma é a Rainha durante uma semana e a outra a vassala. E o mesmo na semana seguinte trocadas as posições. Um jogo simples portanto – simples como quem joga – só que um problema central faz o jogo evoluir no sentido de uma luta. O problema da posse do carro e do trabalho. Isto é, pela posse dos meios de produção que condicionam a repartição do trabalho e por conseguinte os proveitos que daí advêm. E é a partir dessa base material, o carro, que o jogo vai fazendo evoluir todo o processo histórico, caracterizando sempre a luta dos que trabalham contra aqueles que detêm os meios de produção – isto é a luta de classes – a forma de Estado vai-se alterando como decorre da fábula mas a contradição fundamental permanece no seu conteúdo, simbolizada no final de cada cena, de uma forma simétrica, pelo passeio da consagração, em que a classe dominante está sempre em cima do carro, o qual é puxado consecutivamente por quem trabalha. Esta tem sido uma constante da História e que nos é trazida pela própria peça.
Um percurso dramático onde o conflito põe a nu
o antagonismo dos que exploram e daqueles que são explorados.
Mas apesar do constante oportunismo de Watusi e do influenciável Guizo, que se deixa constantemente manipular, Nafle está decidida a lutar até às últimas consequências.

Luciano Barata


Personagens e Intérpretes

Nafle – Clara Santos
Watusi – Ana Carlos
Guizo – José Santos
Duendes – Diogo Roque e Pedro Roque

Ficha Técnica

Texto «O Clarlatão- Oswald Dragun
Encneação e Cenografia – Luciano Barata
Som e Luz – Ana Monteiro e Sónia Carvalho
Cartaz e Concepção Gráfica – Ana Carlos

Agradeciemntos

Maria Antónia Carlos
Roza Mayer

1 comentário:

Manuela Fonseca disse...

Uma peça para incomodar, nesta ditadura doce(?).
Manuela Fonseca